Expectativa do grupo é agendar nova reunião com membros da diretoria da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para iniciar o diálogo mais ampliado com o setor produtivo
O deputado federal Neri Geller (PP-MT), o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) e o empresário do agronegócio Carlos Augustin vão se reunir nessa terça-feira (8) com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), coordenador da transição, em Brasília.
Os três atuaram na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência e deverão fazer a ponte do novo governo com o setor. O nome de Carlos Augustin é cotado para integrar a equipe de transição. Já Geller é o mais cacifado para assumir o Ministério da Agricultura.
A expectativa do grupo é agendar com Alckmin uma nova reunião com alguns membros da diretoria da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para iniciar o diálogo mais ampliado com o setor produtivo.
Nesta terça, a bancada se reuniu para debater o cenário pós-eleições. O presidente da FPA, deputado Sérgio Souza (MDB-PR), disse que a frente vai opinar em nomes para o ministério se for convidada pelo novo governo.
"A FPA indicou a ministra Tereza Cristina há quatro anos porque fomos convidados a nos manifestar, e não fomos convidados até agora", disse em coletiva, após a reunião a porta fechadas entre os membros da bancada. "Não nos oferecemos para isso. Enquanto instituição, a FPA deve ser demandada, se querem nos ouvir para que possamos opinar, estamos à disposição.”
O parlamentar disse ainda que, na reunião desta terça-feira, a frente avaliou "questões colocadas durante processo eleitoral que devemos ter articulações para mitigar efeitos negativos para setor agro e otimizar efeitos positivos".
Souza afirmou que os parlamentares estão "tentando entender" o que a sociedade brasileira está demandando com as manifestações que saíram das rodovias, mas persistem em algumas cidades. Sobre o resultado das eleições em si, disse que cabe aos partidos avaliarem caso alguém tenha se sentido lesado.
Receio sobre manifestações antidemocráticas
Desde a conclusão do segundo turno, bolsonaristas bloquearam estradas e ocuparam as imediações de quartéis em todo o país, contestando o resultado e a lisura das eleições democráticas, o que é crime.
Souza afirmou ainda que a frente continuará atuando pela aprovação de pautas do setor. As apostas para votação ainda neste ano são dos projetos do autocontrole da fiscalização agropecuária e da nova lei de defensivos agrícolas, ambos no Senado.
Um parlamentar confidenciou ao Valor que o clima é de indefinição com as manifestações que ocorrem em frente às sedes do Exército, muitas promovidas por produtores e eleitores da bancada, e a falta de pronunciamento claro do presidente. Há um receio de que, ao apoiar o discurso de fraude nas urnas, os deputados e senadores estejam colocando as próprias vitórias nessas eleições em dúvida.
"Bola pra frente. O presidente já conseguiu cargo no PL, a transição já começou. Temos que superar", disse um deputado.
Na reunião desta terça-feira, a primeira depois das eleições, a FPA já recebeu a visita de parlamentares eleitos pela primeira vez e que deverão compor a bancada na próxima legislatura. É o caso do ex-juiz federal e senador eleito pelo Paraná Sergio Moro e sua esposa, deputada federal eleita por São Paulo, Rosângela Moro, ambos do União Brasil.
"Temos um compromisso com o eleitorado paranaense e com as pautas do setor agropecuário", disse Moro, que também foi ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro.
Jorge Seif (PL), ex-secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura e senador eleito por Santa Catarina, e a ex-ministra da Agricultura e senadora eleita por Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina (PP), também estiveram no encontro.