Por João Xavier de Oliveira Filho*
Com o início da industrialização da suinocultura brasileira na década de 70, houve um aumento significativo da produção de suínos, na qual os animais são alojados em condições intensivas e com alta densidade geográfica. Esse aumento de densidade de animal por área, junto com outros fatores, facilitou a transmissão de doenças infecciosas entre rebanhos, causando altos prejuízos financeiros.
Com isso, é importante elaborar e executar um efetivo controle de doenças nos sistemas de produção de suínos. Isso está de acordo com o conceito One Health (Saúde unificada, em português) que tem como concepção aplicável para a suinocultura realização de vigilância, controle e prevenção doenças zoonóticas; avaliação e prevenção do desenvolvimento de bactérias resistentes a substâncias antimicrobianas; prática de manejo de espécies exóticas invasoras (tais como javalis asselvajados) e de resíduos oriundos da produção de suínos.
Para um efetivo controle de doenças, é necessária a execução de um programa sistemático de biosseguridade no sistema de produção. Esse programa é um conjunto de procedimentos efetuados para evitar e/ou minimizar a entrada de doenças na granja (biosseguridade externa) e controlar a transmissão de enfermidades já presentes, reduzindo ao mínimo o seu impacto (biosseguridade interna), além da contenção de doenças e patógenos, evitando assim que esses contaminem outras granjas de suínos. Como definição aplicada, a biosseguridade é um conjunto de práticas que aumenta o retorno econômico por meio da redução de risco de introdução de novos patógenos. Importante considerar que tudo que está externo à granja ou às instalações representa perigo ao rebanho de interesse.
Outros fatores, também incluídos no programa de biosseguridade, são essenciais, como boas práticas de produção, programa vacinal adequado e uso prudente de antimicrobianos. Além disso, é necessário realizar a gestão sanitária da produção de forma criteriosa, a fim de prevenir possíveis ocorrências de enfermidades ou até mesmo controlar de forma rápida e eficiente o surgimento de uma nova doença ou o aumento de uma já existente, porém controlada.
A garantia da eficiência do programa de controle de doenças em uma determinada propriedade só é possível por intermédio de uma gestão sanitária atuante e eficiente. Essa gestão é realizada com as análises conjuntas das informações sanitárias e dos índices de produção. As informações sanitárias são obtidas principalmente por monitorias sanitárias, tais como monitorias clínica, patológica, laboratorial e de abate. Essas monitorias, junto com os índices zootécnicos existentes e relevantes de cada fase de produção da propriedade, devem ser constantemente realizadas e analisadas, para que a tomada de decisão seja cada vez mais assertiva. É importante ainda a discussão entre as áreas técnica e administrativa da empresa/granja, a fim de que o estudo de viabilidade de um plano de ação seja executado de forma rápida e eficiente.
*João Xavier de Oliveira Filho é médico-veterinário, doutor em Ciências Veterinárias e coordenador de Assistência Técnica da MSD Saúde Animal.