O ano de 2020 poderá ficar marcado por uma mudança substancial no mercado mundial de milho, com a entrada efetiva da China na lista de importadores. E essa participação deverá ser significativa, capaz de “perturbar” os preços em países produtores como o Brasil. Foi o que confirmou o economista Alexandre Mendonça de Barros, sócio-fundador da consultoria MB Agro, para quem o gigante asiático poderá importar entre 22 milhões e 28 milhões de toneladas do grão no ano que vem, ou cerca de 15% de todo o volume comercializado no mercado internacional hoje.
Todo esse volume irá impactar nos preços praticados, no Brasil. O milho é um dos principais ingredientes que fazem parte da dieta suína. Ou seja, a suinocultura vai sentir, no preço e no estoque. Na avaliação do presidente da Assuvap, Fernando Araújo, o cenário para o próximo ano ainda é de desafios.
“O cenário para o ano de 2021 é desafiador. Os custos de produção estão em patamares acima da média histórica com o milho e o farelo de soja batendo recordes de preços, neste contexto a remuneração da atividade passa a depender do poder de compra do consumidor no mercado interno e de vendas excepcionais no mercado externo de carne suína. A entrada da China, um gigante da economia mundial, na produção de suínos tecnificada está alterando muito rapidamente a dinâmica de preços do milho e do farelo de soja, portanto é um fato novo que deve ser visto com prudência pelos suinocultores, pois a China, nosso principal comprador de carne suína, se movimenta para ser menos dependente do mercado externo”.
O grande volume potencial de importações é para suprir a transformação em curso na suinocultura chinesa, com a recuperação do rebanho após grande parte dele ter sido dizimada com a peste suína africana. Mendonça de Barros indicou que está havendo naquele país investimentos “pesados” de grandes grupos de criadores, com até 3 milhões de cabeças.
Segundo o jornal Valor Econômico, o perfil da criação chinesa mudará e passará a consumir mais ração, produzida a partir dos grãos importados. A produção de carne suína na China deverá aumentar em 6 milhões de toneladas em 2021, ainda longe de alcançar o patamar registrado antes da peste. Até lá, o país continuará demandando grãos, mesmo produzindo cerca de 260 milhões de toneladas de milho. O economista prevê que o rebanho chinês, que já foi de 350 milhões de cabeças de suínos, será recomposto até o fim de 2022.
O “desafio” para as companhias brasileiras de proteína animal será disputar esse milho com os chineses, que compram com grande antecipação (até três safras). “Falta desenvolver um mercado futuro de suíno e de frango, porque aí se trabalharia custo e receita, assim como a indústria americana trabalha. A cadeia deve tentar criar ferramentas nessa direção”, afirmou Mendonça de Barros durante a apresentação online.
Com informações do Portal MBAgro