Uma entrevista com a produtora de suínos Magdá Maurícia é sempre memorável. Seja um curto diálogo nos corredores da Suinfest ou uma conversa mais longa nas dependências de sua granja, extraímos informações relevantes e valiosas, especialmente quando se fala em suinocultura. Algumas de suas palavras se encaixam perfeitamente ao momento, e outras, carregamos conosco para a vida. A entrevistada envolve o entrevistador com seus gestos simples, movimentos tranquilos que definem o ritmo da conversa. O brilho nos olhos reflete sua paixão pela atividade, algo que ela aprendeu a gostar, com o tempo, e pela necessidade. Era preciso. Em setembro de 2003, assumiu, de fato, a Granja Malhado, localizada no município de Guaraciaba/MG, no momento em que seu marido, Benjamin Sotero Teixeira, estava com a saúde debilitada. Por ele e pelos seus filhos. Assim iniciou a história de Magdá como produtora de suínos. Uma história baseada em resiliência, erros e acertos. Coragem para seguir em frente, com a ajuda dos grandes amigos e, acima de tudo, persistência.
“Eu senti que precisava vir aqui [na granja] pelo conforto de meu marido, ainda na cama, doente”, diz. “Ele pediu muito para eu dar continuidade com a atividade, principalmente pelos três filhos que tenho, Marina, Maurício e Mônica, que na época estavam estudando fora”, lembra a produtora, demonstrando todo seu lado humano, a emoção. Foi Benjamin que começou com a granja, em 1984. Deu os primeiros passos e foi um dos pioneiros da suinocultura do Vale do Piranga. Durante seu tempo, de muito esforço e dedicação ao setor, foi presidente da Assuvap entre os anos 2000 e 2001. “O que mais me marcou de Benjamin”, lembra Magdá, “foi que ele nem se preocupava tanto com sua atividade pessoal; era mais a atividade como um todo. Não perdia as reuniões da bolsa de suínos. Foi uma pessoa de muito empenho. É um sentimento que todos os amigos dele compartilham”.
Quando assumiu o empreendimento, Magdá esbarrou-se em muitos desafios. O primeiro, diz ela, foi a emoção. “Eu estava muito fragilizada, pela doença e pela perda dele. Fiquei, por um período, sem direção”. Após uma pausa, continua: “Hoje eu me sinto bem realizada, gosto do que eu faço, não me vejo na hora de sair daqui, não”, afirma, categoricamente. Atualmente, a Granja Malhado pode ser considerada de pequeno para médio porte, realiza vendas semanais para a região do Vale do Piranga. São 14 funcionários dedicados, sendo a maioria deles antigos de casa: “Temos funcionários que já estão trabalhando aqui por 30 anos direto”, conta a proprietária. “Gosto deles como meus filhos”. E completa, agradecendo ao seu gerente de granja, Daniel, por toda dedicação à atividade e reafirmando que o empenho de todos seus colaboradores é um dos motivos do sucesso do empreendimento, aliado aos amigos suinocultores, aos clientes antigos e à produção qualificada.
Se perguntada sobre a licença ambiental da granja, ela responde sem pestanejar: “Está toda correta. A granja encontra-se com todos os seus documentos, licenças e condicionantes cumpridas”. Segundo Magdá, os dejetos são tratados através do sistema de flotação.
Poder do associativismo e cooperativismo
De acordo com a proprietária, a Granja Malhado sempre esteve ligada à Assuvap e à Coosuiponte. “Vejo a Assuvap como uma casa de informações. Ali eu tenho notícias do meu negócio e, se eu tiver algum problema difícil, eu posso contar com a associação, pois lá também é a nossa casa de soluções. A Coosuiponte, no sentido de compra, é importantíssima. Todo suinocultor precisa valorizar a cooperativa”, diz, sem se esquecer do novo projeto da região, a Bolsa de Suínos do Interior de Minas: “Considero a BSim de extrema importância para nossa atividade. Depois que você participa, entende o mercado e têm argumentos suficientes para discutir a sua atividade, que é compra e venda. Nossa contribuição é muito importante”.